Primeira leva de obras de referência, em domínio público, já podem ser consultadas na Web. Oitenta e cinco obras - referência para história, antropologia, geografia, sociologia - já estão disponíveis no site www.brasiliana.com.br .
Clarissa Thomé / RIO - O Estado de S.Paulo
Professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o economista e sociólogo Carlos Vainer recomendou aos seus alunos alguns volumes da Coleção Brasiliana, editada entre 1931 e 1993, a primeira com a proposta de reunir "livros que pensassem o País". Levou um susto quando os estudantes voltaram de mãos vazias - a coleção estava esgotada, era difícil encontrá-la em sebos e alguns livros estavam na coleção de obras raras das bibliotecas, indisponíveis para empréstimo.
Vainer começou então a dar forma a um ambicioso projeto: a Brasiliana Eletrônica, cuja proposta era digitalizar os 415 livros publicados pela Editora Companhia Nacional. Não apenas escaneá-los, mas apresentar um trabalho editorial, com informações sobre os autores e a obra reproduzida; oferecer ao pesquisador o fac-símile do livro e ao, mesmo tempo, levar ao estudante o mesmo texto nos padrões atuais de ortografia. Com o recurso de "cortar/colar", desde que respeitadas as regras para citação em trabalhos acadêmicos.
"O projeto era tão ambicioso, que eu pensava que jamais sairia. Mas se estudantes da UFRJ, no Rio de Janeiro, não conseguiam os livros, imagina no interior do País", comenta Vainer, que coordena a Brasiliana Eletrônica. De lá para cá, passaram-se cinco anos. Nesse período, negociou-se a liberação dos direitos autorais com a editora e houve captação de recursos com a Secretaria de Educação a Distância, do Ministério da Educação, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
Vainer revela uma curiosidade: o domínio pertencia a uma empresa que oferecia serviços de pornografia e teve de ser comprado.
Os primeiros livros que podem ser acessados são aqueles que não estão mais protegidos pelas leis de direito autoral - são de domínio público.
Entre eles, O Diário de uma Viagem ao Brasil, escrito entre 1821 e 1823 pela inglesa Maria Graham, um dos raros relatos históricos publicados no século 19 por uma mulher.
"Esses livros foram editados depois da Revolução de 1930, no período fundamental da construção da nação. O termo "brasiliana" passou a designar coleção de livros sobre o País depois desse trabalho da Editora Companhia Nacional", explica Vainer. Ele ressalta, no entanto, que a escolha dos editores "expressa uma visão do Brasil". Pensadores socialistas, por exemplo, não fazem parte da coleção. "Quando terminarmos os 415 livros, queremos acrescentar outros autores para que não fique um trabalho limitado a uma visão."
FONTE: ESTADÃO ON-LINE, Cultura, 13/10/2010
Clarissa Thomé / RIO - O Estado de S.Paulo
Professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o economista e sociólogo Carlos Vainer recomendou aos seus alunos alguns volumes da Coleção Brasiliana, editada entre 1931 e 1993, a primeira com a proposta de reunir "livros que pensassem o País". Levou um susto quando os estudantes voltaram de mãos vazias - a coleção estava esgotada, era difícil encontrá-la em sebos e alguns livros estavam na coleção de obras raras das bibliotecas, indisponíveis para empréstimo.
Vainer começou então a dar forma a um ambicioso projeto: a Brasiliana Eletrônica, cuja proposta era digitalizar os 415 livros publicados pela Editora Companhia Nacional. Não apenas escaneá-los, mas apresentar um trabalho editorial, com informações sobre os autores e a obra reproduzida; oferecer ao pesquisador o fac-símile do livro e ao, mesmo tempo, levar ao estudante o mesmo texto nos padrões atuais de ortografia. Com o recurso de "cortar/colar", desde que respeitadas as regras para citação em trabalhos acadêmicos.
"O projeto era tão ambicioso, que eu pensava que jamais sairia. Mas se estudantes da UFRJ, no Rio de Janeiro, não conseguiam os livros, imagina no interior do País", comenta Vainer, que coordena a Brasiliana Eletrônica. De lá para cá, passaram-se cinco anos. Nesse período, negociou-se a liberação dos direitos autorais com a editora e houve captação de recursos com a Secretaria de Educação a Distância, do Ministério da Educação, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
Vainer revela uma curiosidade: o domínio pertencia a uma empresa que oferecia serviços de pornografia e teve de ser comprado.
Os primeiros livros que podem ser acessados são aqueles que não estão mais protegidos pelas leis de direito autoral - são de domínio público.
Entre eles, O Diário de uma Viagem ao Brasil, escrito entre 1821 e 1823 pela inglesa Maria Graham, um dos raros relatos históricos publicados no século 19 por uma mulher.
"Esses livros foram editados depois da Revolução de 1930, no período fundamental da construção da nação. O termo "brasiliana" passou a designar coleção de livros sobre o País depois desse trabalho da Editora Companhia Nacional", explica Vainer. Ele ressalta, no entanto, que a escolha dos editores "expressa uma visão do Brasil". Pensadores socialistas, por exemplo, não fazem parte da coleção. "Quando terminarmos os 415 livros, queremos acrescentar outros autores para que não fique um trabalho limitado a uma visão."
FONTE: ESTADÃO ON-LINE, Cultura, 13/10/2010
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